Noturna


noturna
luar de febre e açoite
tangendo crueza e frio na noite


feito farol ferido
em cílios curvos de tempo e rímel
luar refletido


caninos de súbito aflitos
olhos mortiços
a loba uivou longamente
de fome e fúria e dor o seu gemido


noite enluarada
fera e bela
nalguma esquina
caça ou caçador...
vaga quimera


e depois?
e depois nada
eco de saltos na calçada

estraçalhados cristais
luar no asfalto
sorve ilusões quebradas


ri lejana e fria a lua
alma devassada e nua


é noite
e criaturas vagam
reluz a solidão da rua


algum resquícios de febre
em rubro luar
enquanto ela se vai
pés descalços
se vai
insaciadamentes
e esvai

Tânia Souza é professora, leitora,poetisa e contista. Apaixonada por literatura,tenta compartilhar este fascínio nas aulas e textos que escreve. É editora dos blogs Descaminhos Sombrios, Descaminhos Poéticos e Palavras Perdidas, onde publica diferentes gêneros literários,relacionados à LitFan.

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3 comentários:

  1. Tocante e profundo!
    Adorei..parabéns Tânia! =P

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  2. Muito bom.
    Parabéns pelas palavras!

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  3. Valeu, obrigada pela leitura e pelos comentários;

    ResponderExcluir

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