Poema: Carne Viva

Queria cravar em teu peito
uma lâmina ardente,
com o calor do meu sofrimento.

Dilaceraria teus músculos um por um,
vertendo pelo chão o sangue vermelho
que eu não sabia,
mas ainda corria em tuas veias.

Teus gritos roucos encheriam o silêncio
com a música da dor,
o mesmo som que preenche
minhas noites vadias.

Meus olhos ocos
fechariam sobre teu corpo
toda minha mágoa.

Lanharia tuas costas,
açoitaria teu destino
com o fantasma das nossas lembranças.

Não haveria prazer nisto,
mas seria necessário.
Poderia, finalmente, exorcizar o passado
que ainda mora na minha alma.

Derramaria sobre ti os labirintos da minha vida
para poder perceber que agora ela é só minha.

Escreveria com minhas unhas na sua pele
um verso triste,
um verso meu,
um verso de adeus.

(Cláudia Marczak)

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Um comentário:

  1. Contundente, angustiado e ferino poema, bela composição, abraços sombrios!!!

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