25 setembro 2009

Último Soneto - de Alvares de Azevedo







Já da noite o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito, embalde num macio encosto,
Tento o sono reter!… Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos, por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!

(Álvares de Azevedo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é SEMPRE bem vindo!
Assim que pudermos nós responderemos.
Ao deixar seu comentário, se quiser deixar a URL do seu blog, comente usando a opçãoOpenID
Muito obrigada e volte sempre!